Não ao milho transgênico!

Não ao milho transgênico!

Red en Defensa del Maíz

23 de abril de 2009                                                                                                           PDF

Ao povo do México

Aos povos do mundo

Ao governo do México

À Convenção sobre Diversidade Biológica / Protocolo Internacional de Cartagena sobre Biossegurança

À Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação / FAO

As organizações e comunidades indígenas e camponesas, ambientais, de educação popular, organizações de base, comunidades eclesiais, grupos de produtores, integrantes de movimentos urbanos, acadêmicos e cientistas, analistas políticos da Rede em defesa do milho

rejeitamos energicamente o cultivo de milho transgênico no México. Trata-se de um crime histórico contra os povos de do milho, contra a biodiversidade e contra a soberania alimentar, contra dez mil anos de agricultura camponesa e indígena que legaram esta semente para o bem de todos os povos do mundo.

Declaramos que o decreto presidencial do dia 6 de março de 2009, que permite o cultivo de milho transgênico, intencionalmente desconsidera que:

O México é o centro de origem e da diversidade do milho. Existem mais de 59 raças reconhecidas e milhares de variedades, que serão inevitavelmente contaminadas.

Os povos indígenas e camponeses são os que criaram e mantêm esse tesouro genético do milho, um dos principais produtos agrícolas dos quais depende a alimentação humana e animal do planeta.

O milho é o alimento básico da população mexicana. Em parte alguma nenhum lugar o seu consumo cotidiano e em grandes quantidades tem sido estudado como no México. Existem estudos científicos que, com níveis muito menores de consumo, reportam alergias e outros impactos à saúde humana e dos animais alimentados com transgênicos.

As variedades de milho transgênico que se pretendem pretende cultivar no país não resolvem os problemas da agricultura mexicana: são mais caros, pois o custo das sementes e da licença são maiores do que os cultivos convencionais; não aumentam os rendimentos: são iguais ou até diminuem, a menos que haja uma forte incidência de plagas pragas que não são freqüentes no México; requerem mais pesticidas agrotóxicos, pois emitem produzem constantemente a toxina Bt, gerando resistência e pragas secundárias que é preciso controlar com outros pesticidas agrotóxicos.

Provocarão danos à diversidade biológica e ao meio ambiente: sendo o México um país extremamente diverso, nenhum estudo realizado em outras condições é aplicável, porque as variáveis e interconexões aumentam exponencialmente.

Sendo um cultivo de polinização aberta, é impossível evitar a contaminação transgênica do milho quando ele é cultivado a em campo aberto. A contaminação ocorre, também, nos armazéns, no transporte e nas indústrias.

Os transgênicos não servem para a agricultura camponesa nem orgânica, mas irremediavelmente contaminarão as variedades nativas e crioulas de milho, além de constituir uma ameaça à produção orgânica, a qual perderá o seu nicho de mercado.

Todas as sementes transgênicas estão patenteadas e são controladas por seis multinacionais (Monsanto, Syngenta, DuPont, Dow, Bayer, Basf), resultando em uma dependência absoluta dos camponeses e agricultores nessas multinacionais e na criminalização das vítimas da contaminação.

Os povos originários do México criaram o milho e têm sido os guardiões e os criadores da diversidade de variedades que atualmente existem. A soberania alimentar e a preservação dessa diversidade dependem da integridade dos seus direitos. Por isso, a contaminação transgênica é uma ferida à identidade dos povos mesoamericanos e um atentado contra dez mil anos de agricultura. O cultivo do milho transgênico é um ataque frontal aos povos originários e camponeses e uma violação dos seus direitos.

O milho, para os povos que constituímos o México, não é uma mercadoria, mas a origem de uma civilização e a base do sustento das vidas e das economias camponesas.

Não permitiremos que as nossas sementes se percam ou sejam contaminadas por transgenes de propriedade de empresas transnacionais. Não acataremos as leis injustas que criminalizam as sementes e a vida camponesa. Continuaremos cuidando o do milho e a da vida dos povos.

Responsabilizamos pela perda e pelos danos ao milho mexicano às corporações produtoras de sementes transgênicas; ao poder legislativo que aprovou a Lei de Biossegurança e Organismos Geneticamente Modificados (Lei Monsanto) para benefício das empresas; ao governo do México; aos secretários de Agricultura, do Meio Ambiente e da Comissão Inter-secretarial de Biossegurança dos Organismos Geneticamente Modificados (CIBIOGEM), que são os responsáveis pelas medidas finais para eliminar toda proteção legal do milho.

Por todas essas razões:

Rejeitamos o cultivo experimental ou comercial do milho transgênico e exigimos sua proibição no México.

Rejeitamos a “Lei Monsanto”, seus regulamentos e quaisquer outras formas de criminalização das sementes camponesas.

Rejeitamos o monitoramento governamental das roças de milho camponesas, porque é utilizado como pretexto para eliminar ainda mais sementes camponesas.

Assumimos o compromisso e convocamos a todas as comunidades e povos indígenas e camponeses a defender as sementes nativas e a continuar cultivando, guardando, intercambiando e distribuindo suas próprias sementes, e a exercer o direito sobre os seus territórios e impedir o cultivo de milho transgênico.

Convocamos a população a exigir que todos os alimentos que comemos diariamente sejam livres de transgênicos.

Convocamos os organismos internacionais a condenar ao governo do México por esta violação dos direitos ancestrais dos camponeses, da biodiversidade, da soberania alimentar e do princípio de precaução em centros de origem de um produto básico para a alimentação e a economia mundial..

NÃO AO MILHO TRANSGÊNICO!

REDE EM DEFESA DO MILHO

 

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